Arquétipos
Os conteúdos do Inconsciente Coletivo na concepção de Jung denominam-se Arquétipos. Modelos originais ou matrizes do comportamento humano são elementos primordiais e estruturais da psique humana. Manifestam-se através dos Complexos e coletivamente através de características culturais. Sua função é denotar um modo herdado de funcionamento ou um padrão de comportamento, oriundos de nossos ancestrais. Todo ser humano nasce com respostas e estão preparados para enfrentar algumas situações típicas da vida. Por exemplo, a predisposição para experimentar os conceitos de mãe, pai, filho, nascimento, morte, casamento, etc. Cada um de nós cresce na presente vida, já com alguma noção ou predisposição em relação a esses itens, presentes na vida de todos. E a cada novo estágio de Consciência que a sociedade atinge, nós nos deparamos com uma nova interpretação do conceito desses itens nesse novo estágio, a fim de adaptarmos a nossa situação de vida anterior (que ainda existe em nós) com a situação nova atual (que ameaça se desvincular de nós) e nos atualizarmos. Nunca podemos nos desprender dos nossos Arquétipos. Assim eram definidos os Arquétipo por Jung.
Para a Psicologia Espírita, assim como os conteúdos do Inconsciente Coletivo representam a história do indivíduo como Espírito eterno, a personalidade e os padrões de comportamentos também são decorrentes dessa trajetória. Comparando o Inconsciente Coletivo com a Erraticidade Espiritual (erros cometidos em vidas passadas), encontraremos os Arquétipos primordiais de Jung e vários outros arquétipos pessoais, como parte integrante da história acumulada nas diversas vidas anteriores de uma pessoa. Nessas experiências vividas, registradas no Inconsciente Pessoal e Coletivo da pessoa, estão as imagens arquetípicas do que foi vivenciado no passado, mescladas aos conteúdos psíquicos da vida atual. O processo da experiência adquirida em várias vidas vividas anteriormente, explica a presença dos Arquétipos no ser humano, como herança das suas próprias realizações através do tempo, elucidando uma série de conflitos e de fenômenos que ocorrem na conduta de uma pessoa, na sua vida atual.
Os Arquétipos primordiais de Jung foram: Persona, Sombra, Anima, Animus e Self.
Persona originalmente significa máscara usada por um ator que lhe permite compor um personagem numa peça. O arquétipo da Persona permite à pessoa a possibilidade de compor um personagem. Refere-se ao que é esperado socialmente da pessoa e como ela acredita que deva parecer. Além de um acordo entre a pessoa e a sociedade, indica como ela deseja ser vista. É importante na relação social, pois é por meio dele que convivemos com as outras pessoas. Tudo o que fazemos voltado para o exterior diz respeito ao arquétipo da Persona. Nossa postura, a forma de nos vestirmos, as nossas marcas registradas, etc. É a maneira como absorvemos a regra social e como lidamos com ela. É a grande preocupação de querer mais “parecer” do que “ser”. A necessidade de segurança, de afeto, de reconhecimento, etc, são as razões que nos fazem agir assim. Selecionamos traços e trejeitos que nos pareçam melhores, mais adequados e mais aceitos no grupo social com o qual vivemos ou queremos viver. Com isso, parte de nossa verdadeira personalidade fica posta de lado, quando o nosso Ego passa a se identificar unicamente com o arquétipo da Persona que queremos viver, deixando de lado os demais aspectos da verdadeira personalidade. O indivíduo torna-se alheio à sua real natureza, passando a viver tensamente uma situação de conflito entre a sua Persona muitas vezes mais desenvolvida que a sua natureza interior propriamente dita, e as partes subdesenvolvidas de sua verdadeira personalidade. Essas partes rejeitadas irão compor outro Arquétipo no indivíduo chamado Sombra.
A Sombra é o Arquétipo que maior influência exerce sobre o Ego. Ela se desenvolve em oposição ao arquétipo da Persona. Normalmente escondemos e afastamos de nossa Consciência e também das outras pessoas, tudo o que consideramos negativos em nós. Sentimentos e ideias cruéis, ânsia de poder, impulsos violentos, ações moralmente reprováveis, tudo aquilo que a sociedade ou meio em que vivemos considera negativo ou inadequado, além de nossas fraquezas, vícios, medos, erros, etc. A Sombra é tudo aquilo que precisa ser melhorado em nós, quando buscamos o desejo de nos tornarmos mais conscientes, mais lúcidos, incorporando o que há de melhor e de pior em nós. Não desaparece à nossa súplica e nem se dilui com a nossa vontade de fazer o bem. Ela penetra em nossa vida quanto mais estejamos alheios à sua existência. A Sombra é também tudo o que se encontra no nosso Inconsciente. Sempre que reprimimos conteúdos inconscientes, esses reagem de maneira destrutiva através das emoções negativas. Segundo alertava Jung, ninguém pode, impunemente, desembaraçar-se de si mesmo em troca de uma personalidade artificial. Ao invés de reconhecermos nossas mazelas e deficiências, tentamos preservar a nossa imagem através da Persona. O resultado disso nós já conhecemos, como sendo transtornos e doenças. Enquanto o individuo não descobre a realidade de si mesmo (o seu Inconsciente), permanecerá na condição de vítima de transtornos de todo tipo, decorrentes do vazio existencial, da falta de sentido psicológico, por identificar apenas parte da sua realidade.
Para a Psicologia Espírita, o primeiro passo, para trabalharmos isso é acreditarmos na existência da Sombra; o segundo é aceitá-la como parte importante e integrante de nossa personalidade; e o terceiro é investigar as suas más tendências e trabalhá-las em busca de seu aperfeiçoamento espiritual e as qualidades potenciais agregadas a ela que precisam ser desenvolvidas e aprimoradas. Como dizia Jung: ”Uma pessoa não se ilumina simplesmente imaginando figuras de luz e sim iluminando a sua própria escuridão”.
Anima e Animus
O arquétipo da Anima constitui o lado feminino da psique masculina, que agrega as experiências que o homem teve relacionando-se com a mulher ao longo de sua vida atual. Como se trata de uma imagem inconsciente, inicialmente ela é projetada em sua mãe, depois na irmã, na professora, em uma modelo, atriz, cantora, etc; e finalmente na namorada e esposa. A Anima pode se manifestar de forma negativa como na alteração de humor, vaidade exagerada, explosões emocionais, caprichos, etc; ou de forma positiva por meio da sensibilidade, ternura, paciência, capacidade de amar, intuições, criatividade, etc.
O arquétipo do Animus constitui o lado masculino da psique feminina. Representa toda a experiência da mulher com o homem na sua vida atual. Esse Arquétipo modela o homem que a mulher quer encontrar. Como também se trata de uma imagem inconsciente, inicialmente é projetada no pai, no irmão, em outros homens (até em Deus), chegando no namorado e esposo. A sua forma negativa de se manifestar pode ser através da retórica, intelectualidade, rigidez, autoritarismo, etc; e positiva na criatividade, autoconfiança, determinação e força intelectual.
A Psicologia Espírita considera que a vivência da pessoa “com e como” sexo oposto em vidas passadas, auxiliam a formação dos arquétipos Anima e Animus, tornando-os concepções complementares e não divergentes ou dissociadas. Uma vez sendo um ser assexuado, o Espírito pode passar uma vida exercendo uma sexualidade e em outra a sexualidade oposta, sendo que o comportamento vivenciado em cada experiência irá compor o arquétipo Anima e Animus no seu Inconsciente Coletivo, independente de seu sexo na atual existência. Por isso a importância do autoconhecimento e da ampliação da consciência, nas quais a união dos opostos existentes na psique permitirá a plena realização do ser, sintonizado consigo mesmo e com o mundo ao seu redor, para atingir o seu desenvolvimento pleno.
Self
Principal Arquétipo do Inconsciente Coletivo, o Self é o arquétipo da ordem, da organização e da unificação. Principal organizador da Personalidade é um fator de orientação íntima, dependendo da capacidade do Ego de ouvir suas mensagens. Quando o nosso Ego o ouve, tornamo-nos seres humanos mais completos. Qualquer talento que tenhamos que não seja consciente, não se desenvolverá e será tratado pelo Ego como se não existisse. Ele só poderá ser real, se o nosso Ego o reconhecê-lo.
Necessário se faz realizar e vivenciar nossos talentos, tornando-os cada vez mais conscientes e vivos. Tornando-os conscientes e vivos, passaremos a viver em harmonia com a nossa própria natureza, possibilitando assim a expansão constante da nossa Consciência. Quando fazemos um autoexame honesto conosco mesmo, e nos propomos a melhorar uma realidade interna destoante, o nosso Ego encontra a força interior necessária que possibilita a realização da nossa renovação interior, de modo que o eixo Ego-Self se fortalece e se une, de modo que o Ego passa a assumir a administração da intermediação das realidades externa e interna, trabalhando para torna-las única e lúcida na nossa Consciência.
É na nossa escuridão íntima (Inconsciente) que encontraremos o que nos está faltando para sermos um ser de Consciência Plena, plenamente conectada com o nosso Self (Espírito) e com o objetivo da nossa vida.
Na visão da Psicologia Espírita, o Self é o próprio Espírito eterno, com suas experiências de vidas anteriores desde a sua criação, nas quais desenvolveu a crença em um Deus interno nele vigente, em função da sua própria procedência. Comanda o processo de desenvolvimento que lhe é imperioso alcançar, mediante as diversas experiências de vida. É através do processo de amadurecimento psicológico (desenvolvimento espiritual) que o Self vai se libertando das imperfeições que lhe dificultam o pleno conhecimento das coisas (Consciência Plena), para que possa se libertar como essência divina que se constitui.
Muito bem explicado.
Parabens
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O espírito não é bissexual ?
Não! O Espírito não tem sexo definido. A sua definição sexual ocorre de acordo com a sua necessidade, em determinada reencarnação. Quando está na erraticidade, ele escolhe viver a que mais se sente melhor.